Vitor Azubel – colaborador
sábado, 16 de abril de 2011
E QUANTO É QUE EU VOU LEVAR NISSO? ...
Desculpem os prezados leitores, mas estamos enojados ante tantas notícias envolvendo instituições, servidores e autoridades públicas em escancarados mau-caratismo e funestas ações desvinculadas de qualquer interesse público. São viagens, vantagens e mordomias inescrupulosas, diárias, passagens, salários desproporcionais, malversação do dinheiro público, acúmulo e precocidade de aposentadorias, indenizações contra o Estado, gastos desmedidos, obras com valores descontrolados, licitações direcionadas, etc, etc.É um “viva la Pátria”, precisaríamos de folhas para descrever o tamanho da voracidade contra os erários públicos. Que prejudicam, sim e muito, os serviços públicos essenciais às comunidades. Por princípio, não se culpe a Imprensa por veiculação de tais fatos, porque ela apenas está cumprindo seu inequívoco papel de informação daquilo que acontece, e não participa de sua criação. Nossa tênue democracia está viciada não apenas na corrupção visível do comportamento de tantos políticos e administradores públicos. Ela está ainda mais corrompida pela invisível prática corporativa de defender os interesses de indivíduos e/ou grupos, sem a menor consideração sobre os interesses do conjunto da Nação. E a realidade nos mostra que pouco estamos preparados para a liberdade, pois nos falta a responsabilidade adjacente e o compromisso com o coletivo. É uma questão cultural. O País sofre como um todo porque a qualquer preço membros ignorantes (ambos os sentidos) de nossa so(a)ciedade adonam-se, através de seus mandatos, dos recursos e posições que não lhes são devidos em definitivo. No mundo todo, disseminou-se o individualismo, o egocentrismo e a competitividade por poder e riqueza. Mas especialmente aqui não há limites para assenhorio de haveres públicos. São generalizadas as práticas corruptivas que contaminam as nossas instituições. Não há isenções: Executivo, Legislativo e até (quem diria!) o Judiciário estão no mesmo compasso. Na Federação, nos Estados e nos Municípios. E todos sabemos por que: há um pensamento tresloucado de que os bens públicos a rigor não pertenceriam a ninguém e, como tal, podem ser manipulados ao bel prazer de pessoas e/ou corporações com interesses específicos, julgando-se donos de todos os recursos, apropriando-se ou esperando se apropriar do máximo que puder, mesmo que isto aniquile com o País. Diz-se à boca pequena: “Interessa o que é meu ou do meu grupo, o resto que se dane”. A Política e as Políticas, tais como estão sendo propostas e conduzidas, não estão necessariamente atreladas aos interesses da nacionalidade. Estamos cegos pelo imediatismo e consumismo materialista que apontam para o esfacelamento do tecido social. Diferentemente do que acontece na esfera privada – na outra ponta de interesses concentrados -, os funcionários da esfera pública estão protegidos por uma estabilidade que os proporciona alienar-se e descomprometer-se (o salário está garantido...) com sua notável missão de serviço público, como deveria se esperar. Como crer nas Instituições Públicas dessa forma? Muitos se dizem aviltados com a corrupção e a baixeza dos políticos. Eles são tão somente um reflexo da nossa deseducação cultural, que promove ídolos, admira safados, prestigia belos (!?) discursos verborrágicos enganadores. Ou será que a maioria das pessoas deste País não faria as mesmas coisas que os larápios e usurpadores oficiais: mentiriam, roubariam, corromperiam? Tudo pela sua conveniência! É isto que está na cabeça dos brasileiros, com exceções, evidentemente. Entretanto, não basta reclamar e indignar-se. Não podemos continuar com esta mentalidade. Absurda e costumeiramente habitual. Se a malha institucional está doente, tratemos de não alimentar o câncer que se espalhou. O melhor seria extirpar o núcleo cancerígeno, mas são tantos..., só uma cirurgia radical o faria. O exemplo deveria vir de cima, porém como quem está lá quer manter seus privilégios e mordomias, nos resta a mudança por um processo mais lento, no entanto, eficaz que é a Educação. Isso se os professores e abnegados de plantão entenderem que é seu/nosso desiderato e DEVER, contra quem quer que seja, a proliferação da cultura da honestidade, da cooperação, do bem e da justiça. Sem o que não teremos Paz. Aliás, tema para outra conversa. Afinal, aceitamos o desafio? Mas o que é vamos ganhar com isto, mesmo?
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