segunda-feira, 22 de março de 2010

O PARTIDO VERDE VERDE FRENTE AOS NOVOS DILEMAS DO SÉCULO XXI

“Hoje encontramos no mercado uma série de produtos desprovidos de suas propriedades essenciais: café sem cafeína, creme de leite sem gordura, cerveja sem álcool... E a lista não tem fim: o que dizer do sexo virtual, o sexo sem sexo; da doutrina de Colin Powell da guerra sem baixas (do nosso lado, é claro ), uma guerra sem guerra; e por fim da redefinição contemporânea da política como arte da administração competente, ou seja, a política sem política ” Zlavoj Zizek
Diante dos desafios que o Terceiro Milênio traz consigo, um dos mais preocupantes é a superação da crise por que passa a democracia representativa. Se hoje constatamos uma progressiva ocupação do mercado nas decisões políticas e, atrelado a estas, os interesses econômicos que se camuflam em torno dos Partidos Políticos, torna-se necessário que os mesmos concentrem forças para estabelecermos e criarmos alternativas frente aos novos paradigmas por que se passa a Democracia.
O momento por que passamos traz à memória a historia de louco que procura uma chave perto do poste de luz; quando lhe perguntam por que procurar ali, se ele tinha perdido a chave num canto escuro, ele responde “Mas é mais fácil procurar onde está claro!”. Não é ironia definitiva o fato de os tecnocratas pregarem a falência do modelo democrático em nome da governabilidade, colocando a vontade popular em segundo plano. O que se parece constrangedor é o fato de aceitarmos que nós, cidadãos comuns, fiquemos totalmente dependentes das autoridades para saber o que esta ocorrendo, ou seja, nada vemos nem ouvimos, tudo o que sabemos já foi decidido, ferindo os princípios democráticos. Para fazer um paralelo com a história do louco, todos nós, sejam os políticos ou intelectuais, insistimos em procurar a solução para sairmos da crise democrática dentro das formas propostas há séculos, ou seja, procuramos a solução onde está claro, mas dificilmente, encontraremos, se esforços não forem despendidos, para nos apontarem o “lugar” correto onde nos perdemos.
Nós Verdes, temos que tentar elucidar os instrumentos de controle do poder político e buscar soluções frente as reformas pelas quais o Estado passou e que não foram acompanhadas por mecanismos de controle mais efetivos, ou seja, o que é notório, neste momento, é alertar a toda a sociedade que existe um descompasso entre as modernizações econômicas do aparelho Estatal frente à permanência de estruturas arcaicas de controle de poder e, infelizmente este descompasso fere os valores centrais defendidos pelos Verdes do mundo todo, ou seja, a liberdade, a igualdade e a supremacia da vontade popular. Nós do Partido Verde devemos nos organizar para mostrar aos cidadãos que é possível e necessário utilizar os novos mecanismos do Estado que tornam o Governo mais eficiente e, ao mesmo tempo, construir um espaço de cidadania plena de determinação do exercício de poder político feito pelo povo.
Trata-se de construir uma alternativa para quem não se satisfaz com a definição contemporânea da política como arte da administração competente, como afirma o filósofo esloveno Slavoj Zizek “a política sem política” que aparentemente nos dá a liberdade de escolher o que quisermos, desde que façamos a escolha “certa”, sendo o certo uma escolha imposta. Para tanto, torna-se necessário que pensemos profundamente estas questões, procurando um equilíbrio entre a técnica e a política. Se utilizarmos ambas de maneira dissociadas, encontraremos descaminhos para a sociedade e, em medida certa, juntas podem apontar para um caminho em que o sonho humano de felicidade encontre seu longo percurso a ser percorrido.

Mauricio Brusadin – Secretário Estadual de Organização – São Paulo