O governo federal, mais uma vez apresenta uma das suas, um governo que sempre usou a questão ambiental como retórica não se pode esperar outra coisa, a não ser isto o que esta ocorrendo no Pará, com a famigerada construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Os impactos socioambientais na região serão catastróficos; A Inundação constante, hoje sazonal, dos igarapés de Altamira e Ambé, que cortam a cidade de Altamira, e parte da área rural de Vitória do Xingu. Redução da vazão da água a jusante do barramento do rio na Volta Grande do Xingu e interrupção do transporte fluvial até o Rio Bacajá, único acesso para comunidades ribeirinhas e indígenas. Remanejamento de famílias que vivem hoje em condições precárias na periferia de Altamira, na área rural de Vitória do Xingu e de 350 famílias ribeirinhas que vivem em reservas extrativistas. Alteração do regime do rio sobre os meios biótico e socioeconômico, com redução do fluxo da água. Estes são alguns dos impactos socioambientais listados.
Para Sônia Barbosa Magalhães, professora da Universidade Federal do Pará, entrevistada pelo ISA em meados de 2002 quando era do Museu Goeldi, além da alteração de vazão de rio, com mudança de regime de inundação e conseqüências para a agricultura, afluxo populacional e desestruturação fundiária, o 'boom' das grandes hidrelétricas no país e o conceito de impactos diretos e indiretos em disputa nessas obras são fatores muito preocupantes. “Tradicionalmente, as subsidiárias da Eletrobras chamam de efeito direto o que seria alagado e de efeito indireto as áreas não alagadas, quando deveriam adotar critérios mais abrangentes.”
“O impacto é generalizado, pois mexe na raiz de todo o funcionamento do ciclo ecológico da região. Entre a Volta Grande do Xingu e Belo Monte, o nível d'água vai ficar bem abaixo da maior seca histórica e, rio acima, ficará permanentemente cheio, num nível superior à maior cheia conhecida. Assim, teremos, simultaneamente, trechos do Xingu sob condições hidrológicas extremas e diametralmente opostas, sendo que todo o regime ecológico da região está condicionado às secas e às cheias, explicava em entrevista ao ISA, em 2002, o pesquisador Jansen Zuanon, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) (clique nos mapas).. Ele lembra que existem árvores, que estão adaptadas a ficar alguns meses debaixo d'água.
Com a cheia permanente, as árvores irão resistir alguns meses, mas depois vão morrer, com o afogamento das raízes. “Essas árvores servem de dieta para muitos peixes, por exemplo, o que gera impacto sobre a fauna e, conseqüentemente, para todo o ciclo ecológico da área. Além disso, muitos peixes sincronizam a desova com a cheia e, portanto, na parte que vai ficar muito seca, é possível que haja diminuição de diversas espécies. Esses impactos deverão provocar uma busca por novas áreas de pesca comercial e ornamental, que provavelmente se estenderão pelo trecho a montante da cidade e poderão atingir o Médio/Alto Xingu e Iriri.” Para Zuanon, além da influência para a alimentação das populações, na parte baixa deve haver problema de navegabilidade. “Outro ponto é que a vida do índio e do caboclo está diretamente relacionada a esses ciclos sazonais, quando você muda este ciclo altera o 'motor do sistema', com reflexos imediatos e sérios para a população”, analisa.
“O leilão é uma fantasia do neoliberalismo de esquerda do governo do PT”, afirmou Pinguelli, que é diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe).. “O governo finge que se trata de um negócio de mercado. Fica a reboque de poucos grupos privados, mesmo detendo a propriedade”, assinalou. O resultado, segundo o professor, é conhecido: os consumidores pagam quase R$ 400 de tarifa de energia que sai da usina custando em torno de R$ 80. “É preciso rasgar a fantasia. A iniciativa privada nunca fará uma obra dessa natureza, que custa R$ 19 bilhões.”
Para Ivan Camargo, especialista em planejamento energético e professor da Universidade de Brasília (UnB), os juros subsidiados pelo BNDES e o abatimento no imposto de renda abalam a competitividade e distorcem o preço da tarifa de Belo Monte. “Não haverá competição de fato na definição do preço da tarifa, já que 90% de seu valor se deve às taxas de juros. Quem ganhar será compensado pelos subsídios”, afirmou Camargo, que defende o modelo competitivo como forma de evitar a politização do setor. De acordo com ele, os juros subsidiados oferecidos pelo BNDES, em torno de 4% ao ano, são metade do custo do financiamento captado no mercado
O PT abrindo as pernas para a as grandes empreiteiras e grupos empresariais abastados, quem vai pagar esta conta? O POVO!!
Janio Alberto Lima - apoio pesquisa:
Osório e ISA
Presidente do Partido Verde - Alegrete - RS
quarta-feira, 21 de abril de 2010
O RIO DE JANEIRO PODE SER AQUI?
Ana Elisa Prates
Em todos os noticiários somos informados sobre a tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro em razão das fortes chuvas. São casas inundadas, soterradas, e o que é pior, centenas de famílias que perderam muito além dos bens materiais, mas seus entes queridos, mais de 200 mortos. Vítimas de uma tragédia anunciada? Talvez... Sabemos da existência de uma crise climática; especialistas alertam sobre o aquecimento global, que em parte explica o aumento das secas e do volume das chuvas. Contudo a crise climática, a qual o planeta vem passando, não explica por si só o drama que viveu o estado do Rio de Janeiro.
No início do século XX, no Brasil ocorreu o processo de expansão urbana e o aumento populacional, que se intensificou nas décadas finais. Neste período constituiu de forma rápida e sem planejamento os aglomerados urbanos. Desta forma, em razão da crescente ocupação desordenada de áreas urbanas gerou uma série de riscos tanto para o meio ambiente como para a sociedade. Tais áreas estão sujeitas a ameaças de deslizamentos de terras, enchentes e inundações, podendo levar a morte de pessoas ali residentes, como aconteceu nos últimos dias no Rio. Portanto, não foi exatamente uma surpresa a situação de risco em que aquelas pessoas se encontravam, somado a isto, como divulgado pelos meios de comunicação, estudos científicos feitos alertavam as autoridades para esses perigos. Assim sendo, se ações preventivas tivessem sido tomadas, não evitaria as intensas chuvas, é claro, mas muito da catástrofe.
Neste ponto, cabe perguntar qual é a situação do Rio Grande do Sul. Quantas famílias em todo o estado encontram-se vivendo em áreas de risco, passíveis a esse tipo de acontecimento? Quantas famílias vivem em torno de arroios? Existirão comunidades habitando moradias construídas sobre aterros de lixões? Quais estudos existem no Rio Grande do Sul sobre ocupações desordenadas e seus riscos? Estaremos propícios a semelhante situação vivida no Rio de Janeiro?
Além dessas indagações mais iminentes, é importante refletir sobre questões mais abrangentes. Por exemplo, saber qual a razão do crescimento desordenado nos centros urbanos? Por que parte da população se vê impelida viver em condições, muitas vezes, subumanas? Embora estudos sejam feitos sobre os riscos que as aglomerações desordenadas podem causar ao ambiente natural e ao ser humano, por que pouco ou quase nada é feito pelas autoridades competentes?
É possível que a resposta esteja na opção do modo de vida que adotamos. Noutras palavras, no modelo de desenvolvimento do consumo desenfreado, da elevada especialização e mecanização da produção, do controle burocrático de “cima para baixo” e, sobretudo, do uso indiscriminado do capital natural, a natureza. Novos paradigmas são necessários para dar conta do fenômeno das mudanças climáticas. São mudanças de padrões que passam pelo uso de energias renováveis, de incentivos inteligentes aos modos de produção não poluentes, pelo agro-negócio, pelos transportes, pela arquitetura e urbanismo, pelo consumo consciente e a compreensão da interdependência de cada ação do homem sobre o meio ao qual ele vive.
Do terrível acontecimento vivido pelos cariocas possa servir de reflexão para as eleições que se aproximam. Que o voto não seja apenas para escolher uma biografia, mas, a escolha de outro modo de vida, um modo sustentável de viver o século XXI, evitando que o Rio de Janeiro venha ser aqui ou qualquer outro lugar do Brasil.
Em todos os noticiários somos informados sobre a tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro em razão das fortes chuvas. São casas inundadas, soterradas, e o que é pior, centenas de famílias que perderam muito além dos bens materiais, mas seus entes queridos, mais de 200 mortos. Vítimas de uma tragédia anunciada? Talvez... Sabemos da existência de uma crise climática; especialistas alertam sobre o aquecimento global, que em parte explica o aumento das secas e do volume das chuvas. Contudo a crise climática, a qual o planeta vem passando, não explica por si só o drama que viveu o estado do Rio de Janeiro.
No início do século XX, no Brasil ocorreu o processo de expansão urbana e o aumento populacional, que se intensificou nas décadas finais. Neste período constituiu de forma rápida e sem planejamento os aglomerados urbanos. Desta forma, em razão da crescente ocupação desordenada de áreas urbanas gerou uma série de riscos tanto para o meio ambiente como para a sociedade. Tais áreas estão sujeitas a ameaças de deslizamentos de terras, enchentes e inundações, podendo levar a morte de pessoas ali residentes, como aconteceu nos últimos dias no Rio. Portanto, não foi exatamente uma surpresa a situação de risco em que aquelas pessoas se encontravam, somado a isto, como divulgado pelos meios de comunicação, estudos científicos feitos alertavam as autoridades para esses perigos. Assim sendo, se ações preventivas tivessem sido tomadas, não evitaria as intensas chuvas, é claro, mas muito da catástrofe.
Neste ponto, cabe perguntar qual é a situação do Rio Grande do Sul. Quantas famílias em todo o estado encontram-se vivendo em áreas de risco, passíveis a esse tipo de acontecimento? Quantas famílias vivem em torno de arroios? Existirão comunidades habitando moradias construídas sobre aterros de lixões? Quais estudos existem no Rio Grande do Sul sobre ocupações desordenadas e seus riscos? Estaremos propícios a semelhante situação vivida no Rio de Janeiro?
Além dessas indagações mais iminentes, é importante refletir sobre questões mais abrangentes. Por exemplo, saber qual a razão do crescimento desordenado nos centros urbanos? Por que parte da população se vê impelida viver em condições, muitas vezes, subumanas? Embora estudos sejam feitos sobre os riscos que as aglomerações desordenadas podem causar ao ambiente natural e ao ser humano, por que pouco ou quase nada é feito pelas autoridades competentes?
É possível que a resposta esteja na opção do modo de vida que adotamos. Noutras palavras, no modelo de desenvolvimento do consumo desenfreado, da elevada especialização e mecanização da produção, do controle burocrático de “cima para baixo” e, sobretudo, do uso indiscriminado do capital natural, a natureza. Novos paradigmas são necessários para dar conta do fenômeno das mudanças climáticas. São mudanças de padrões que passam pelo uso de energias renováveis, de incentivos inteligentes aos modos de produção não poluentes, pelo agro-negócio, pelos transportes, pela arquitetura e urbanismo, pelo consumo consciente e a compreensão da interdependência de cada ação do homem sobre o meio ao qual ele vive.
Do terrível acontecimento vivido pelos cariocas possa servir de reflexão para as eleições que se aproximam. Que o voto não seja apenas para escolher uma biografia, mas, a escolha de outro modo de vida, um modo sustentável de viver o século XXI, evitando que o Rio de Janeiro venha ser aqui ou qualquer outro lugar do Brasil.
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