Aconteceu em 8 de março de 1857:
Éramos operárias de uma fábrica de roupas femininas em New York. Estávamos em greve há dias. Queríamos melhores condições de trabalho, melhores salários e redução da jornada de trabalho. A resposta as nossas reivindicações veio por intermédio de um dos proprietários: trancar todas as portas da fábrica e atear fogo no prédio.
Não foi possível escapar. Morremos todas carbonizas.
A partir da morte das 147 operárias que lutavam por seus direitos, a Organização das Nações Unidas – ONU- em 1975 decreta o 8 de março sendo o Dia Internacional da Mulher. Além de uma homenagem às trabalhadoras mortas simboliza todas as formas de luta e resistência das mulheres ao longo dos tempos. É o momento importante para rever os papéis sexuais, suas diferenças e dificuldades no espaço público e privado. O Dia Internacional da Mulher não é apenas para comemorações e festa, mas é, sobretudo, uma data de denúncia e reflexão. Sem dúvida, ao passar tantas décadas de lutas aos direitos da mulher, conquistas foram alcançadas, mas há muito para avançar seja no campo da saúde, do combate à violência doméstica e no âmbito profissional. Lembrando a célebre frase da escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher; torna-se mulher.”
Contudo, em pleno século XXI, ano 2010, mulheres ainda hoje estão sujeitas a todo o tipo de violência seja psicologia ou física. Nesses casos, muitas vezes chegando a serem brutalmente assassinadas por seus companheiros. As mulheres possuindo o mesmo nível de instrução dos homens ainda recebem salários mais baixos. Sendo as mulheres negras as que sofrem maiores discriminações no campo do trabalho. Em relação à participação mais ativa das mulheres na política partidária, vale lembrar, culturalmente o domínio do espaço público é do homem, e o privado cabe a mulher. Ou seja, o espaço está voltado para uma realidade masculina. Em nossa experiência na Coordenadoria Estadual da Mulher/RS, como representante do PV (1999-2002), ao conversar com mulheres de comunidades, questionando-as a pouca participação nos espaços das organizações civis, duas principais alegações eram: medo de falar em público e a dificuldade de quem cuidar as crianças, uma vez que as reuniões são à noite ou no fim-de-semana. Vale a reflexão para este 8 de março.
Ana Elisa Prates