Depois do anúncio da desfiliação da ex-senadora Marina Silva, do Partido Verde, na tarde desta quinta-feira (7), a Executiva Nacional do Partido Verde emitiu uma nota de esclarecimentos.
Leia o documento na íntegra:
O Partido Verde e sua candidata, Marina Silva, fizeram nascer em milhões de brasileiros a ideia de que uma terceira via era possível. Uma alternativa consistente ao quadro simplista que nos era apresentado, de um Brasil com apenas duas portas que poderiam ser abertas em direção ao futuro.
A luta em prol de uma sociedade equilibrada e justa do ponto de vista social e ambiental está e continuará no cerne das preocupações do Partido Verde. Por essa luta, esforços foram empreendidos e dificuldades iniciais superadas. O Partido Verde tem como marca teses avançadas e pioneiras, que sempre abrangeram, além da questão ambiental, o apoio à luta das minorias e a defesa de temas como a união homoafetiva e a descriminalização do aborto e das drogas, entre outros.
Com generosidade e respeito às diferenças, para receber Marina Silva sem quaisquer freios, estabelecemos a cláusula de consciência, que permite que filiados explicitem suas posições pessoais em relação a itens do programa partidário em face de convicções religiosas. Foi alterado também o número de membros da Executiva do partido, de maneira a abrir espaço a vozes diretamente ligadas à candidata.
Também fomos o partido que lançou o maior número de candidatos aos governos estaduais com o objetivo de consolidar a candidatura presidencial, o que dificultou o fortalecimento da nossa bancada federal, que baixou de 15 para 14 deputados.
Não podemos nos furtar, todavia, a expressar nossa posição sobre a situação que gerou a polêmica em torno da saída de Marina Silva de nosso partido. Consideramos que estamos passando por nossa primeira grande crise de crescimento. O Partido Verde e suas lutas, entretanto, são maiores do que qualquer pessoa.
Deve ser dito que não nos recusamos, em momento algum, a efetivar aperfeiçoamentos nas regras que moldam o funcionamento de nosso partido. Estão programadas atualizações programáticas e elas ocorrerão no tempo oportuno dos verdes e como decorrência de amplo debate interno e com a sociedade, não da imposição de grupos determinados que integram o partido.
O Partido Verde lamenta muito essa falsa polêmica artificialmente inflada sobre a falta de democracia interna, que tem gerado distorções injustas na imprensa brasileira. Continuaremos sempre abertos para receber em nossas fileiras pessoas que entendem que a luta pelo coletivo é muito mais relevante do que a luta pelo individual.
Os signatários deste documento veem no Partido Verde um instrumento cuja existência só faz sentido na medida em que sirva para transformar concretamente a realidade, mediante a ampliação da democracia e da equidade social.
E mantêm os seguintes compromissos:
1. Preparar o partido para a atualização estatutária e programática, a ser aprovada em convenção nacional que será realizada em março de 2012;
2. Mobilizar o partido para responder da forma devida aos principais temas em pauta no país, como a reforma política e a reforma tributária, assim como para enfrentar a pressão por retrocessos na legislação florestal e pela implantação de novas usinas nucleares, entre vários outros assuntos importantes que poderiam ser citados;
3. Preparar o partido para as eleições municipais, estimulando candidaturas próprias, especialmente nos municípios onde houver dois turnos de votação;
4. Promover o recadastramento dos filiados, simultaneamente a uma grande campanha nacional por novas filiações.