As recentes notícias sobre mudanças no processo de democratização interna é objeto de intensos debates entre os verdes. O PV do Rio Grande do Sul em 2009 promoveu um movimento que já se posicionava pela democracia interna no PV, intitulada Carta de Gravataí onde membros da sigla propunham a renovação no PV do RS e um aprimoramento no processo de escolha dos dirigentes da sigla. Veja a essência do documento “Nesse sentido, o grupo reunido em Gravataí entende a necessidade de "recomposição política" da Executiva Estadual do Rio Grande do Sul, de forma ampla e representativa; a criação de conselhos políticos regionais e/ou de um conselho político formado por um representante de cada Executiva Municipal, garantido a democratização e transparência no Partido Verde Gaúcho. Por isso, entendemos que é eminente a mediação da Executiva Nacional através da Coordenação Regional/Sul no processo de "reestruturação do PV Gaúcho", buscando um novo rumo no contexto político sócio-ambiental para o Rio Grande do Sul e o Brasil.”
Diante deste movimento o PV Nacional reacomodou as lideranças, mas o anseio do Verdes que promoveram a Carta de Gravataí se alinham hoje com o movimento de dirigentes nacionais de 2011 que convergem para democratização do Partido Verde.
A ebulição destes movimentos mobilizam energias que indicam uma evolução do Partido Verde. Hoje contabiliza praticamente 20% dos votos para presidente através da candidatura a presidente pela sigla de Marina Silva.Isto indica o PV como terceira força na disputa eleitoral e com potencialidade real de disputa.
A evolução da sigla será fundamental para o projeto eleitoral de 2012 e 2014.
sábado, 26 de março de 2011
A crise de crescimento verde
O Partido Verde entrou em crise interna, seis meses após ter sua candidata a Presidente chegado em terceiro lugar, com quase 20 milhões e 20% dos votos válidos no país. Parece absurdo para quem vê de fora, mas faz todo o sentido para quem conhece a história do PV brasileiro.
O primeiro fato importante a ser ressaltado – e que não tem sido divulgado no noticiário – é de que as mudanças hoje cobradas “por Marina” (segundo a mídia) são muito anteriores à entrada dela no partido. Um exemplo disso é o que ocorreu no PV gaúcho, que na transição de 2009 para 2010 fez um grande movimento de renovação, que culminou com uma nova Executiva, que recém completou um ano agora em março.
É unânime dentro do PV nacional que os estatutos tem de ser reformados para incentivar a maior participação dos filiados, pois da forma como estão centralizam demais as decisões. Toda divergência que resultou na crise atual está na questão do “quando” mudar, pois a maioria da atual direção votou pela prorrogação do próprio mandato adiando a revisão estatutária e isso não corresponde à visão que os líderes mais representativos tem de como deve ser o PV. Esses líderes incluem candidatos com grande votação em São Paulo e Rio, onde o partido é mais forte (Gabeira, Sirkis, Fábio Feldman, Ricardo Young), bem como as principais lideranças verdes nos outros estados onde os verdes são fortes, como por exemplo Minas Gerais e Pernambuco. Todos eles redigiram em conjunto o manifesto “Transição Democrática”, com as principais mudanças estatutárias propostas.
Na reunião de lançamento do manifesto estavam presentes todos os deputados estaduais de São Paulo e 8 dos 14 deputados federais. Quase todos os líderes citados estão há muitos anos entre os verdes, dos quais vários são fundadores, e acreditam que a mudança estatutária não pode ficar para 2012 por ser um ano eleitoral – o que é de uma lógica irrefutável. As questões internas devem ser resolvidas em 2011, para que o Partido Verde corresponda à confiança da população que depositou sua confiança em sua candidata presidencial em 2010.
Marina tem repetido que todo esse processo já estava em curso quando ela foi convidada, mas não é isso que vem sendo destacado no noticiário. É da natureza da mídia as especulações sobre saída do partido, sobre acusações recíprocas, enfim, tudo isso faz parte do modo habitual de serem redigidas as notícias. Não podemos evitar que isso seja atribuído a ela, mas precisa ser dito com toda clareza, em alto e bom som, que a chamada “Transição Democrática” é uma reforma das regras internas ansiada há muitos anos pela militância verde, a cujo coro de vozes ela veio apenas se somar.
Existe, sim, a perspectiva do PV vir a se tornar uma “terceira via” política no Brasil. Para que se mostre capaz disso, precisa primeiro reciclar a si mesmo e se tornar absolutamente coerente com o que prega para o país. A crise atual, que pode parecer absurda por expor o partido a críticas de quem acredita que ele já deveria ser perfeito, é uma crise que não aconteceria se não houvesse o crescimento, que traz consigo maiores responsabilidades. Há pressa de mudar, sim, pois é isso que a população espera de quem se propõe a enfrentar os problemas do país. Quem não tiver coragem para enfrentar diretamente os próprios problemas, não pode se habilitar a enfrentar os que a sociedade necessita. O PV prega um modelo de desenvolvimento “do século XXI” e por isso precisa ter, desde já, estatutos e programa do século XXI.
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