Pior que o frio que estamos sentindo, no sul, é o das pessoas que tem menos condições de enfrentá-lo. A solidariedade de cada um de nós e das instituições sociais, nessas horas, é fundamental. Mas há quem veja nisso a oportunidade de uma provocação, como a de Aldo Rebelo esta semana, no twitter: “frio aqui hein? Cadê a turma do aquecimento global?”. Não mereceria resposta, se fosse só por ele, mas infelizmente ainda existem pessoas sérias que tem esse tipo de dúvida. O que os cientistas explicam é que se trata de um desequilíbrio climático no qual além das temperaturas médias aumentarem gradativamente, também aumenta a amplitude das variações de temperatura, que podem atingir os extremos opostos. Assim é que recordes de calor e de frio tem sido batidos, nos dois hemisférios, a cada verão e inverno, causando mortes pelos picos de frio e pelos de calor.
A atmosfera terrestre é bem descrita como sendo uma “fina e frágil casquinha” (com apenas cerca de 100 quilômetros acima da crosta) que protege as condições únicas para a vida humana nesse planeta, como em nenhum outro conhecido. Não suportaríamos as variações brutais de temperatura que são comuns por exemplo em Marte, onde na região equatorial a temperatura é de 25 graus Celsius no início da tarde, cai para 50 graus negativos no começo da noite e atinge -70 graus Celsius à meia-noite. Ou na Lua, onde a temperatura varia de -153ºC à noite a +107ºC durante o dia, conforme dados obtidos pela NASA. A atmosfera protege a vida na Terra absorvendo a radiação ultravioleta solar e ao mesmo tempo aquecendo a superfície por meio da retenção de calor, entre outras mediações com o expaço exterior que reduzem os extremos de temperatura entre o dia e a noite. Os danos à atmosfera, portanto, comprometem o frágil equilíbrio das condições das quais depende a nossa vida.
Por falar em condições fisico-químicas, há um conceito científico, o de “massa crítica”, que se tornou uma metáfora sociológica. A massa crítica de um material fissionável é “a quantidade necessária para manter uma reação nuclear em cadeia autosustentada”. Esse termo virou símbolo de quantidade de pessoas necessárias para as mudanças sociais sustentadas, quer dizer, consistentes e duráveis. Conceito que se aplica à nossa realidade política, onde deputados e senadores se mostram “descolados” dos que os elegeram, legislando em causa própria. Os políticos tem uma escolha a fazer: apostar na inteligência da população, ou na sua ignorância. A conta não vem na mesma hora, pode levar anos para chegar. Mas se olharmos para a história dos partidos políticos, nas últimas décadas, veremos que eles não passaram incólumes às suas incoerências. Estamos longe de um cenário ideal, mas lembro claramente de como era há algumas décadas, dos “grandes partidos” que sucumbiram à sua falta de compromisso com a população.
A tão decantada “reforma política” não terá efeitos sem uma mudança cultural. Um debate interessante na internet sobre “valor de rede e massa crítica” observa que “massa crítica não é o número de participantes de uma comunidade, mas sim, a quantidade de atividade entre seus membros, o número de interações durante um certo período, em que a partir daí, a quantidade de atividade cresce de forma natural. Por isso é muito importante contar com um grupo bem ativo, mesmo que pequeno, no início da construção de uma comunidade, para que a massa crítica seja atingida mais rapidamente”. Para a crise política nacional, mais que a mudança de leis, é bem vinda a “massa crítica” a partir de uma opinião pública mais atuante.
COMPORTAMENTO Montserrat Martins
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Maurício Brusadin se despede do Partido Verde com o coração apertado
Novos Caminhos, Novos Horizontes
” Um poder que se serve ao invés de servir, é um poder que não serve” Mário Sérgio Cortella
Acabo de entregar minha desfiliação do Partido Verde após 18 anos de trabalho incessante, recheado de muitas alegrias, angústias e algumas tristezas. É uma decisão que jamais pensei um dia tomar. Nesse momento, não posso dizer que é esse o desfecho com o qual sonhava, mas quando minha alma perde o desejo de continuar, é inútil o corpo permanecer lutando.
Lembro-me, como se fosse hoje, da primeira atitude que tomei logo após pegar meu Título de eleitor: filiar-me ao PV. Daquele momento em diante acho que não teve um dia sequer de minha vida que não tenha pensado, falado ou discutido sobre a Política e o Partido, todas as minhas energias sempre estiveram voltadas para fazer de minha luta política uma trincheira do PV. Nele fiz meus melhores amigos, vivi minhas maiores alegrias, vivenciei minhas mais deliciosas vitórias e as mais tristes derrotas.
Muitos devem estar pensando que esta atitude se deve, em especial, às atitudes autoritárias tomadas pelo Presidente Nacional.É evidente que estas mesmas se tornaram uma variável importante para esta decisão, afinal onde não se tem liberdade para expressar o que se pensa, realmente as condições de convivência se tornam insuportáveis, mas somado a este fato, o que me força a tomar tal decisão está ligado à Crise de Intermediação por que passam os Partidos Políticos.
A crise no PV se insere no processo mais geral de declínio da importância dos partidos políticos os quais deixaram de ser mecanismos vivos, eficientes e legítimos de intermediação política. O pano de fundo deste debate é um processo de despolitização da política que acarreta uma crise de representação.
Uma política despolitizada, que se galvanizou num conjunto de pequenos arranjos, negociatas e com os militantes dos partidos à margem desse processo, é um mecanismo que funciona a serviço da conquista e da preservação de posições de poder.
Esta “crise da democracia” é visível quando avaliamos o declínio das relações de identificação entre representantes e representados que acredito culminará na mudança para um novo modelo político.
Deixaremos o velho modelo intermediado pelos Partidos, para a democracia das mídias sociais. Os partidos já perderam o monopólio da Intermediação, não é por acaso que todas as recentes marchas (Liberdade, mulheres, gente diferenciada) aconteceram sem que nenhum partido as mobilizasse, elas foram espontâneas.
Se olharmos a fundo as praças da Espanha, da Grécia, do Egito e de todos os outros movimentos que nasceram recentemente, perceberemos que o que os diferencia é o fato de não aceitarem “atravessadores” de suas demandas, eles querem se comunicar direto, sem intermediários, e isso nos mostra que os partidos deixaram de ser instrumentos para a canalização das principais demandas da humanidade.
Isso acontece principalmente porque os partidos se transformaram em “escritórios eleitorais” . Um pequeno grupo de burocrata comanda todos os filiados, a mobilização partidária só existe durante os períodos eleitorais, de preferência somente no dia da eleição, como já foi dito.
Temos partidos sem participantes, onde quem manda é o cacique, o dono da legenda, o comandante que decide o rumo coletivo baseado nos seus interesses pessoais. As bandeiras, a ideologia, o programa, nesse contexto, viraram instrumentos de “marketing”, e o que se propõe para a sociedade não se exercita internamente, a isso chamamos de fraude.
Nesses últimos meses, juntos com Marina fizemos um esforço descomunal para acelerar as mudanças internas de que o PV tanto precisa, pois é inadmissível um Partido com a plataforma para o século XXI ter instrumentos internos do século passado.
Acreditávamos que poderíamos ser a ferramenta nas mãos destas novas demandas, mas infelizmente interesses menores estão à frente destes desejos. Imaginar em plena revolução digital, quando os jovens opinam sobre tudo, que os filiados do PV não têm direito a voto, é um obscurantismo total e, para piorar o quadro, aqueles que colocam a cabeça para fora e manifestam sua opinião são expurgados.
Vivemos internamente uma cultura do medo, muitos pensam e desejam essas mudanças, porém a caneta opressora silencia as vozes de muita gente que quer e sonha com um Partido mais democrático, protagonista que não fica refém de qualquer governo, que não é um satélite que gravita em torno dos grandes partidos para ter acesso aos fundos públicos. Sei que muitos continuarão lutando e respeito a estratégia adotada, pois precisamos ser compreensivos com aqueles que, criticamente, irão permanecer sonhando que o PV um dia deixe de ser uma legenda e passe a ser um Partido. Para todos estes desejo boa sorte e tenho a certeza de que no futuro estaremos juntos novamente.
Quanto aos novos caminhos, gostaria de convidar a todos que ainda acreditam em utopias para participarem deste novo movimento que emergirá deste processo. O debate permanece aberto: o código florestal, as cidades sustentáveis, o perverso sistema eleitoral, a desigualdade social, a falta de investimento em capital humano e todos os dilemas que, apesar do avanço dos últimos dezesseis anos, ainda afligem boa parte dos cidadãos brasileiros.
Nesta semana voltei a ler “Os donos do Poder”, de Raymundo Faoro e, a cada página, percebia a sua atualidade, pois em nosso País uma minoria determina as peças orçamentárias, os percentuais de corrupção que tanto assolam as licitações e colocam em funcionamento as velhas máquinas partidárias que ainda funcionam a vapor e, conscientemente, trocaram os sonhos da militância pelo “doce” sabor do capital. Todos aqueles que desejam reaproximar a vida real desse Universo paralelo em que se tornou o mundo da política com o famoso toma lá da cá, tão desideologizado, participem, embarquem nessa grande nave movida à energia solar, plugada numa organização em rede, navegando nas ondas líquidas da era digital, onde o respeito, a diversidade, a pluralidade e a generosidade são valores inegociáveis.
Novas perguntas exigem novas respostas, seguiremos com o olhar no horizonte e com o desejo voltado ao sentimento de que ainda precisamos democratizar a democracia.
Um forte abraço
Maurício Brusadin
” Um poder que se serve ao invés de servir, é um poder que não serve” Mário Sérgio Cortella
Acabo de entregar minha desfiliação do Partido Verde após 18 anos de trabalho incessante, recheado de muitas alegrias, angústias e algumas tristezas. É uma decisão que jamais pensei um dia tomar. Nesse momento, não posso dizer que é esse o desfecho com o qual sonhava, mas quando minha alma perde o desejo de continuar, é inútil o corpo permanecer lutando.
Lembro-me, como se fosse hoje, da primeira atitude que tomei logo após pegar meu Título de eleitor: filiar-me ao PV. Daquele momento em diante acho que não teve um dia sequer de minha vida que não tenha pensado, falado ou discutido sobre a Política e o Partido, todas as minhas energias sempre estiveram voltadas para fazer de minha luta política uma trincheira do PV. Nele fiz meus melhores amigos, vivi minhas maiores alegrias, vivenciei minhas mais deliciosas vitórias e as mais tristes derrotas.
Muitos devem estar pensando que esta atitude se deve, em especial, às atitudes autoritárias tomadas pelo Presidente Nacional.É evidente que estas mesmas se tornaram uma variável importante para esta decisão, afinal onde não se tem liberdade para expressar o que se pensa, realmente as condições de convivência se tornam insuportáveis, mas somado a este fato, o que me força a tomar tal decisão está ligado à Crise de Intermediação por que passam os Partidos Políticos.
A crise no PV se insere no processo mais geral de declínio da importância dos partidos políticos os quais deixaram de ser mecanismos vivos, eficientes e legítimos de intermediação política. O pano de fundo deste debate é um processo de despolitização da política que acarreta uma crise de representação.
Uma política despolitizada, que se galvanizou num conjunto de pequenos arranjos, negociatas e com os militantes dos partidos à margem desse processo, é um mecanismo que funciona a serviço da conquista e da preservação de posições de poder.
Esta “crise da democracia” é visível quando avaliamos o declínio das relações de identificação entre representantes e representados que acredito culminará na mudança para um novo modelo político.
Deixaremos o velho modelo intermediado pelos Partidos, para a democracia das mídias sociais. Os partidos já perderam o monopólio da Intermediação, não é por acaso que todas as recentes marchas (Liberdade, mulheres, gente diferenciada) aconteceram sem que nenhum partido as mobilizasse, elas foram espontâneas.
Se olharmos a fundo as praças da Espanha, da Grécia, do Egito e de todos os outros movimentos que nasceram recentemente, perceberemos que o que os diferencia é o fato de não aceitarem “atravessadores” de suas demandas, eles querem se comunicar direto, sem intermediários, e isso nos mostra que os partidos deixaram de ser instrumentos para a canalização das principais demandas da humanidade.
Isso acontece principalmente porque os partidos se transformaram em “escritórios eleitorais” . Um pequeno grupo de burocrata comanda todos os filiados, a mobilização partidária só existe durante os períodos eleitorais, de preferência somente no dia da eleição, como já foi dito.
Temos partidos sem participantes, onde quem manda é o cacique, o dono da legenda, o comandante que decide o rumo coletivo baseado nos seus interesses pessoais. As bandeiras, a ideologia, o programa, nesse contexto, viraram instrumentos de “marketing”, e o que se propõe para a sociedade não se exercita internamente, a isso chamamos de fraude.
Nesses últimos meses, juntos com Marina fizemos um esforço descomunal para acelerar as mudanças internas de que o PV tanto precisa, pois é inadmissível um Partido com a plataforma para o século XXI ter instrumentos internos do século passado.
Acreditávamos que poderíamos ser a ferramenta nas mãos destas novas demandas, mas infelizmente interesses menores estão à frente destes desejos. Imaginar em plena revolução digital, quando os jovens opinam sobre tudo, que os filiados do PV não têm direito a voto, é um obscurantismo total e, para piorar o quadro, aqueles que colocam a cabeça para fora e manifestam sua opinião são expurgados.
Vivemos internamente uma cultura do medo, muitos pensam e desejam essas mudanças, porém a caneta opressora silencia as vozes de muita gente que quer e sonha com um Partido mais democrático, protagonista que não fica refém de qualquer governo, que não é um satélite que gravita em torno dos grandes partidos para ter acesso aos fundos públicos. Sei que muitos continuarão lutando e respeito a estratégia adotada, pois precisamos ser compreensivos com aqueles que, criticamente, irão permanecer sonhando que o PV um dia deixe de ser uma legenda e passe a ser um Partido. Para todos estes desejo boa sorte e tenho a certeza de que no futuro estaremos juntos novamente.
Quanto aos novos caminhos, gostaria de convidar a todos que ainda acreditam em utopias para participarem deste novo movimento que emergirá deste processo. O debate permanece aberto: o código florestal, as cidades sustentáveis, o perverso sistema eleitoral, a desigualdade social, a falta de investimento em capital humano e todos os dilemas que, apesar do avanço dos últimos dezesseis anos, ainda afligem boa parte dos cidadãos brasileiros.
Nesta semana voltei a ler “Os donos do Poder”, de Raymundo Faoro e, a cada página, percebia a sua atualidade, pois em nosso País uma minoria determina as peças orçamentárias, os percentuais de corrupção que tanto assolam as licitações e colocam em funcionamento as velhas máquinas partidárias que ainda funcionam a vapor e, conscientemente, trocaram os sonhos da militância pelo “doce” sabor do capital. Todos aqueles que desejam reaproximar a vida real desse Universo paralelo em que se tornou o mundo da política com o famoso toma lá da cá, tão desideologizado, participem, embarquem nessa grande nave movida à energia solar, plugada numa organização em rede, navegando nas ondas líquidas da era digital, onde o respeito, a diversidade, a pluralidade e a generosidade são valores inegociáveis.
Novas perguntas exigem novas respostas, seguiremos com o olhar no horizonte e com o desejo voltado ao sentimento de que ainda precisamos democratizar a democracia.
Um forte abraço
Maurício Brusadin
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