terça-feira, 16 de março de 2010

CRIAÇÃO DO CENTRO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA FAUNA – CENCOF



O Brasil possui 14% da biodiversidade mundial, ou seja, em torno de 196 mil de todas as espécies de animais e plantas estudadas e catalogadas no mundo todo. Entre os 17 países que concentram a maior parte de biodiversidade do planeta Terra, nosso país é o líder, quase um campeão mundial no quesito natureza. Entretanto, os brasileiros estão também entre os quatro povos que mais ameaçam mamíferos, atrás somente de indonésios, chineses e indianos. O tráfico de animais selvagens é o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas, que, segundo os especialistas, hoje se misturam tanto que são encarados como único. Movimenta aproximadamente US$ 10 bilhões por ano e o Brasil participa desse mercado com cerca de US$ 1 bilhão ao ano. Segundo estimativas da RENCTAS (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), de cada 10 animais traficados, apenas um sobrevive. Entretanto, em qualquer propaganda do país no exterior, encontramos animais da nossa fauna estampados nos cartazes. Não só o apelo turístico, mas também questões ecológicas, culturais, econômicas, emocionais, éticas e legais justificam a conservação da nossa fauna.
Com o cenário desfavorável para a nossa fauna, é prioritária e estratégica a criação de um Centro Nacional para a Conservação da Fauna (CENCOF) semelhante à estrutura da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN), onde técnicas de reprodução assistida (congelamento de gametas, inseminação artificial, produção in vitro de embriões, transferência de embriões, clonagem, monitoramento endócrino não invasivo), de biologia molecular (estudos filogenéticos, estudos populacionais) e bioecologia serão aplicadas para a conservação das espécies de animais selvagens ameaçados de extinção. A criação de um banco de germoplasma com sêmen, oócitos, embriões, sangue e condroblastos garantirá a manutenção das metapopulações para as próximas gerações. Um plano nacional promoverá a saúde populacional da fauna selvagem por meio do envio de material congelado em nitrogênio líquido para instituições cadastradas e a conseqüente introdução de novos genes nas metapopulações, colaborando assim para a manutenção da diversidade genética das populações em cativeiro e de vida livre.

Os objetivos do CENCOF serão:

 Conservar espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção;
 Manter um banco de germoplasma das espécies em questão;
 Conservar e preservar o ambiente natural destas espécies;
 Desenvolver técnicas de reprodução assistida adaptadas às particularidades de cada espécie visando à manutenção das populações em cativeiro e em vida livre;
 Realizar estudos genéticos para evitar retrocruzamentos e conseqüentemente evitar o gargalo genético nestas espécies (endogamia);
 Estudar os ciclos epidemiológicos das doenças emergentes e identificar novos agentes, hospedeiros e vetores;
 Identificar novas áreas de conservação e de preservação;
 Promover programas para a manutenção das populações de vida livre;
 Realizar reintroduções, revigoramentos populacionais, introduções, reabilitações e translocações de animais de maneira técnica e segura;
 Sugerir e apoiar políticas ambientais deste setor.

Dr. Eduardo Antunes Dias
Médico Veterinário
Mestre e Doutor em Reprodução Animal pela FMVZ – USP e atua na conservação da fauna selvagem ameaçada de extinção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário