sábado, 8 de maio de 2010

Mediocridade política crônica

O candidato à presidência da república nas eleições de outubro pelo PSDB José Serra falou para empresários do Estado e propiciou uma entrevista coletiva organizada pelo grupo RBS na última quarta-feira em Porto Alegre. A campanha para o pleito está saudavelmente no ar, embora algumas pessoas não gostem destas posições dos políticos, que por alguns vieses de interpretação não poderiam estar ocorrendo conforme a lei. Na entrevista com o candidato tucano notou-se que o pleito vindouro será, acima de tudo, bastante agudo em posicionamentos e também saudavelmente bastante competitivo. Mas quando se fala em ideologia, pouco se nota diferenças entre as duas candidaturas polarizadas de um lado pelo PSDB e do outro pelo PT, atualmente balanceada somente com uma terceira via protagonizada pela candidatura do Partido Verde encabeçada pela senadora acreana Marina Silva. Incrivelmente, a manchete de Zero Hora de quinta-feira passada (7), que procurava sintetizar o posicionamento inicial do candidato do PSDB na campanha estampou em letras garrafais a manchete :“Eu vou Fazer a ponte do Guaíba”, de certa forma comprometendo o tucano em cumprir com uma demanda antiga do RS para desafogar o trânsito entre a Capital e as Zonas Sul e Oeste do Estado, mas que mais parece coisa de campanha à governador de Estado, tal a mediocridade da síntese.

A entrevista tratou de vários temas polêmicos no Brasil, também. Mas as respostas do candidato foram evasivas, sem compromissos maiores com mudanças e muito menos baseadas em uma ideologia qualquer, mais liberal ou social. Serra deixou claro que seu governo pretende manter os rumos do país como estão, mudando somente a forma de fazer gestão pública. O discurso do candidato à presidência mais parecia um discurso de um técnico prestes a ser contratado por alguém para sentar na direção do país do que o de um representante de um partido, que de certa forma se coloca polarizado no extremo oposto de uma linha conceitual política que vem sendo implementada no Brasil há 8 anos pelo governo Lula. Este posicionamento, com certeza planejado pela coordenação e campanha dos tucanos para a presidência, estampa a falta de compromisso ideológico que os partidos no Brasil apresentam sistematicamente, com raras exceções. E a falta de compromisso ideológico de partidos políticos polares de uma nação acaba sendo a principal causa da tambem total falta de ideologia do povo e das famílias brasileiras. E o resultado disto tudo é o egoísmo impregnado na sociedade, que quer que ganhe os candidatos que mais fazem benesses para seus segmentos, independentemente dos reflexos que as ações geram para outros segmentos pares dos brasileiros. E isto é naturalmente um processo retro alimentador de uma sociedade sem atitude política e sem posicionamentos absolutos sobre assuntos polêmicos que devem ter opções objetivas de cada um, diferenciando saudavelmente a principal estrada que um ou outro partido escolhe para ser a plataforma de suas políticas públicas.

Em países com razoáveis democracias funcionando como, por exemplo, a Inglaterra, os EUA, a França, dentro outros, as famílias e pessoas desde pequenas optam por caminhos, baseadas em suas educações por posições “fechadas” referente a seus olhares da sociedade e principalmente das formulas que acreditam devem ser utilizadas para o desenvolvimento das nações. São posições que geralmente possuem correntes antagônicas defendendo por outro lado o contrário do caminho sugerido. Liberalismo e Socialismo são posturas que dificilmente podem ser desqualificadas em posicionamentos reais de ideologias escolhidas, portanto corrente facilmente optáveis por qualquer um. No fundo, as pessoas bem informadas optam ou por acreditarem que o desenvolvimento de seu país, Estado ou município deve ocorrer sob o signo da liberdade e a mínima intervenção do Estado em suas vidas, entendendo que isto torna o ser mais autêntico e autônomo em suas vidas. Outras acreditam que, ao contrário, o desenvolvimento social e econômico deverá vir com políticas públicas pasteurizadas e invasivas, acreditando elas que as ações em grupo e com respeito às normas gerais acabam dando mais chance de nações, Estados e Municípios de se desenvolverem. Isto não quer dizer que um partido qualquer, de um lado ou do outro, tenha a irresponsabilidade de desregular totalmente uma nação de uma hora para outra. Mas quer dizer fundamentalmente se um partido político tomará o lado mais liberal como caminho de suas políticas públicas ou se tomará o caminho mais socialista e intervencionista. O caminho é que deve ser claro, pois é o âmago de sua crença.
Mas no Brasil infelizmente os partidos trabalham nos governos como verdadeiros repentistas. Esperam as coisas acontecerem para somente após resolverem os problemas, sem ideologia, mas com pragmatismos às vezes conflitantes ideologicamente. E Enquanto os partidos no Brasil não forem de alguma forma obrigados pelo povo e pela mídia a se posicionarem sobre temas polares e polêmicos de forma absoluta, o resultado da síntese de uma entrevista de um candidato à presidência do país em uma a coletiva para a imprensa pré- campanha acabará sendo, como foi nesta semana em Porto Alegre, a assunção da duplicação de uma ponte de menos de 1 km de percurso. Que mediocridade...

Fausto Araújo Santos Júnior
PV de Torres

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